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domingo, 22 de junho de 2008

AVAREZA

Depois que privatizaram as estradas, surgiram os pedágios, bem feitos, arquitetura pós-moderna, banheiros e tudo, e com eles uma série de empregos, pois, exemplarmente, trabalham 24 horas por dia, entretanto, como todos temos direito a descanso, os funcionários só trabalham 12 e com ótimo salário, dizem que passa de cento e oitenta reais, mais um pouco já daria para a cesta básica, me relatava um amigo que lá trabalhava, o Paulo, sujeito incrível aquele, possuía um apelido que muito lhe vinha a calhar, por certo não gostava, achava-se humilhado quando o chamavam de catarro, daí ele brigava, "partia para o pau", mas aquelas banhas caídas, aquele tremendo barrigão e aquela maneira de falar cuspindo todo mundo espelhavam o pseudônimo. Até que ele não parecia aquele muco grosso e seco de fumante pela manhã, aquele que parece um pudim, parecia mais aquele de gripe no final, aguado, com mais saliva que massa. Só que o homem se estourava mesmo, uma vez estava em um boteco, escorado no balcão arrumando o cabelo, porque ele usava aquele rabinho de cavalo, preso por uma borrachinha, o pessoal falava que não sabia como é que a borracha prendia naquele óleo todo, mas entrou no boteco um conhecido dele e gritou:
E daí, catarro, tudo bem?
Ele procurou mostrar ao amigo que não gostava de assim ser chamado:
Catarro é a p. q. p.
O homem não gostou e travaram um combate corpo a corpo. Da briga o catarro (perdão, Paulo), passou uma semana com o olho roxo e a perna enfaixada, dizem que depois deste incidente ele ficou mais calmo.
Mas o ca..., Paulo não gostava de fazer exercício sob hipótese alguma, passava o dia inteiro com aquele bundão, que mais parecia um balão de São João meio murcho, colado na cadeira e não levantava nem para arrumar troco, mandava pegar na volta, os que não pegavam, ele embolsava. Uma vez um cunhado dele, o qual ele visitava todo Domingo para almoçar, deu-lhe cinco reais para descontar um, ele disse que não tinha troco e ficou com os cinco. Outro dia parou um fusquinha, destes que andam por aí se arrastando, e ele não tinha troco mesmo, fazendo com que o motorista descesse do carro para arrumar no guinche. Nisto, o carro apagou, o motorista voltou correndo e disse, desiludido:
hiii, não tem bateria, vai ter que empurrar.
Como uma enorme fila começava a se formar atrás e o Paulo já estava meio nervoso, disse ao homem, com muita calma:
Ô, meu, tira esta porcaria daí!
Opa, porcaria não – interpelou o homem.
Tá bom – acalmou-se o Paulo afim de evitar tumulto - mas tira este veículo daí, por favor.
Então vem aqui e me ajuda – disse o motorista.
Não posso – disse o catarro – o médico me proibiu de fazer força.
E como a fila aumentava, alguns já buzinavam, o homem resolveu empurrar sozinho o carro, em vão, a força não foi suficiente, o motorista que vinha atrás fingia não ver e o Paulo (o catarro), ficava mais irritado e quando isto acontecia, todos saiam de perto, pois era descomunal a violência com que peidava o catarro, o cheiro era insuportável, parecia que estava podre aquele catarro. Peido para cá, buzina para lá e o ambiente ficava insuportável, era só poluição, até que o Paulo resolveu ajudar, desceu irritadíssimo do guinche, fedendo tudo o que podia e o motorista, desesperado, disse:
mas que cheiro é este? Será que estourou algum esgoto aqui por perto?
Deve ser – respondeu o Paulo, para sorte dele, naquele dia estavam saindo somente os surdos – mas vamos tirar este troço daqui de uma vez.
Deram uma empurradina e, enfim o carro pegou e depois de fazer alguns gestos obscenos para o catarro o homem foi embora, porém, quando o carro pegou o Paulo caiu de quatro no chão, o que fez com que suas calças rasgassem na bunda, deixando à mostra uma cueca de bolinhas vermelhas e todos da fila riam, o catarro, muito pelo contrário, praguejava, fazia gestos, ficou irado, o motorista mais próximo aconselhou:
se acalme moço, tenha fé que as coisas nem sempre são tão ruins e isto é muito pouco para o senhor ficar assim.
Daí o catarro não agüentou, botou para chorar e respondeu:
olha, meu. Este veado ter feito eu me irritar desta maneira, rasgar minhas calças e empurrar o carro, não é nada, pior é ele ter saído sem pagar.

Jorge Acunha
Publicado:10/1996 Jornal A Hora do Parque

Queridos Amigos

Gostaríamos que cada pessoa do mundo tivesse maturidade suficiente e sensibilidade permanente para saberem o que as autoridades fazem de nossas vidas, no entanto, isto é quase impossível de se conseguir, o que estamos pensando é que se alguns não têm nenhum estímulo para lutarem pelos seus direitos, pelo menos que saibam como procedem algumas atividades que agem contra estes direitos e que, por qualquer outro motivo ainda estejam dispostos a outro tipo de divertimento, livre de qualquer compromisso com partidos políticos ou atividades anti-políticos, tentaremos fazer algo que justifique o tempo que os leitores dedicam para tal, e que nossa pequena manifestação traga algum regozijo ou simplesmente algum tipo de afago a todos os problemas que nossas vidas nos trazem, para tanto, espero que vocês compreendam que nosso prazer é que haja felicidade em nosso relacionamento.

Obrigado

Jorge Acunha

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